A SPA manifesta o seu grande pesar pela morte da escritora Maria Velho da Costa, de 81 anos, que foi Prémio Camões em 2002 e, com Maria Teresa Horta e Maria Isabel Barreno, uma das “Três Marias” das “Novas Cartas Portuguesas”, obra proibida pela ditadura e que viria a ter grande êxito nacional e internacional. A escritora era cooperadora da SPA desde Setembro de 1977.
Nascida em Lisboa, Maria Velho da Costa licenciou-se em Filologia Germânica pela Faculdade de Letras da capital, tendo sido leitora do Departamento de Português do King’s College em Londres entre 1980 e 1987 e adjunta de Hélder Macedo como secretário de Estado da Cultura quando Maria de Lourdes Pintasilgo foi Primeira-Ministra.
Maria Velho da Costa, que foi a primeira mulher presidente da Associação Portuguesa de Escritores, foi sempre uma mulher de esquerda.
O Presidente Marcelo Rebelo de Sousa já prestou “homenagem a uma obra invulgar e memorável”, sublinhando que era “uma ficcionista com aguda consciência da não ficção, da poesia e do cinema”. A escritora teve também um papel relevante na Comissão Nacional para as Comemorações dos Descobrimentos Portugueses no Instituto Camões. Para além de “Maina Mendes”, de 1969, Maria Velho da Costa publicou outras obras fundamentais da literatura portuguesa como “Casas Pardas”, “Cravo” e “Myra”, já de 2008, entre outros.
O Primeiro-Ministro disse que Maria Velho da Costa “deixa uma obra inovadora que merece todos os leitores que venha a encontrar”.
Maria Velho da Costa foi dos autores que mais intensamente apoiaram a mudança verificada na vida da SPA em finais de Setembro de 2003, participando sempre com o seu voto nas assembleias gerais e noutras posições assumidas pela cooperativa de que fazia parte. Foi adida cultural na Embaixada de Portugal em Cabo Verde entre 1988 e 1991.
Foi agraciada como Grande Oficial da Ordem da Liberdade em 2011 e com o colar de Grande Oficial da Ordem do Infante D. Henrique em 2003.
O presidente da SPA, José Jorge Letria, foi, por vontade da escritora, seu procurador dentro da SPA, representando-a na celebração de contratos importantes para a divulgação nacional e internacional da sua importante obra.
A SPA, com a convicção de que a cultura portuguesa perde agora um dos seus mais inovadores e talentosos autores, testemunha o seu pesar solidário à família da escritora e continua com orgulho a representar e a defender os direitos da sua obra, recordando o muito que fez e e deixou como legado literário.
Lisboa, 25 de Maio de 2020