A Sociedade Portuguesa de Autores congratula-se com a trasladação dos restos mortais da poeta Sophia de Mello Breyner para o Panteão Nacional, precisamente 10 anos após o seu falecimento, considerando que, deste modo, se celebra a escritora e a sua obra e se homenageia a cultura portuguesa ao mais alto nível.
Sophia inscreveu-se na SPA em 10 de Outubro de 1968 e manteve-se ligada à cooperativa dos autores portugueses até à data da sua morte em 2 de Julho de 2004.
A poeta foi uma das vozes mais importantes de toda a história da literatura portuguesa com uma obra predominantemente poética que também inclui de forma destacada a ficção narrativa e os textos para os mais jovens.
Resistente à ditadura, Sophia esteve na fundação da Comissão de Socorro aos Presos Políticos e noutros actos de denúncia da prepotência e do terror e foi deputada pelo PS logo após o 25 de Abril, impondo-se sempre, no que disse e escreveu, o seu rigor ético, o seu apego aos princípios e às causas e o seu grande amor à liberdade e à democracia.
Sophia partilha, no Panteão Nacional, o mesmo espaço em que se encontram o general Humberto Delgado e Aquilino Ribeiro, dois símbolos da luta pela liberdade em Portugal. A trasladação dos restos mortais de Sophia vem vincar a importância do Panteão Nacional na nossa memória colectiva e o perfil justo daqueles que nele devem ter lugar. A SPA sublinha, num contexto de incerteza quanto ao futuro, esta celebração da cultura e de um dos seus mais destacados valores, entendendo-o como um gesto de celebração da liberdade e da verdadeira excelência cultural.
Lisboa, 2 de Julho de 2014